Nas brumas da mitologia, onde deuses e mortais se entrelaçam em histórias de paixão e redenção, surge a lenda de Eros e Psiquê—a prova de que o amor pode desafiar até os desígnios dos próprios deuses.
Psiquê, uma mortal de beleza inigualável, despertou a inveja de Afrodite, a deusa do amor.
Determinada a puni-la, a deusa ordenou a seu filho, Eros, que fizesse da jovem o objeto de seu poder.
Eros deveria fazer Psiquê se apaixonar pela criatura mais repulsiva do universo, de modo a devastá-la emocionalmente.
Psiquê deveria ser vestida com trajes de núpcias e colocada no alto de um rochedo, esperando ser desposada pela terrível criatura.
Assim que a jovem foi deixada no alto do rochedo, o forte vento Zéfiro, soprou e a levou para um cenário de sonhos. Tratava-se de um castelo enorme de mármore e ouro e vozes sussurradas que lhe informavam tudo que precisava.
Diferente do que esperava, o marido que lhe havia sido predestinado, ele era extremamente carinhoso e a fazia sentir bastante amada. Havia ele imposto, todavia, a estranha condição de que ela não nunca o visse, pois se assim o fizesse o perderia para sempre. Psiquê concordou.
No entanto, o destino, caprichoso como sempre, reservava uma reviravolta: ao se aproximar de Psiquê, Eros acabou se perdendo no próprio encanto, entregando-se a um amor inesperado e proibido. Era ele, portanto, o marido misterioso.
Psiquê, encantada com a presença misteriosa que preenchia suas noites, sentia a mistura de prazer e inquietude. O amor que a envolvia era intenso, mas também carregava a sombra do desconhecido.
Movida pela ânsia de descobrir a verdade, ela finalmente cedeu à curiosidade e ousou desvendar o mistério que a envolvia. Acendeu uma vela e procurau ver o rosto do marido enquanto ele dormia. Ficou tão deslumbrada pela beleza estonteante de Eros, que não percebeu que uma gota da cera da vela pinga no peito do amado e o acorda assustado. Ele, ao ver que ela tinha quebrado a promessa, a abandona.
O delicado equilíbrio entre confiança e insegurança se rompeu, desencadeando uma série de provações.
Desesperada para recuperar o amor de Eros, Psiquê enfrentou quatro desafios impostos por Afrodite:
1. Separar enorme quantidade de grãos misturados (trigo, ervilha, cevada, lentilha e feijão). Ela conseguiu superar este desafio com ajuda das formigas.
2. Obter lã dourada de um rebanho de carneiros ferozes. Psiquê conseguiu coletar a lã em arbustos onde os carneiros se enroscavam, evitando o perigo.
3. Coletar água do sagrado e mortal Rio Estige, que corre nas profundezas do Hades (o submundo). Psiquê foi auxiliada por uma águia enviada por Zeus, que voou até a fonte e coletou a água por ela.
4. Obter a Beleza de Perséfone (a rainha do submundo) e trazê-la numa caixa. Este era o desafio mais perigoso, pois envolvia descer ao Hades. Psiquê levou consigo duas moedas para pagar a Caronte (o barqueiro do submundo) e dois bolos de cevada para apaziguar Cérbero (o cão de três cabeças que guardava a entrada).
Psiquê conseguiu trazer a beleza de Perséfone na caixa. Entretanto, movido pelo desejo de ficar mais bonita para Eros, abriu a caixa; que continha um sono mortal (ou névoa da morte), e a fez cair em um sono profundo.
Comovido pela devoção de Psiquê, Eros apelou a Zeus que intervisse em seu favor. Zeus concedeu a ela a imortalidade, permitindo que os dois se casassem no Olimpo. Assim, Psiquê se tornou uma deusa e a história terminou com a união eterna dos dois amantes.
Êros significa amor.
Psiquê significa alma.
Amor e alma nunca mais se separaram.
Percebe a potência deste mito pra simbolizar o objeto de estudo da psicologia? Não foi à toa que Freud, Jung e tantos outros estudiosos importantes de nossa psique usufruiram da mitologia em seus estudos.
Acho esta uma das mais lindas histórias da mitolocia grega e espero que tenham gostado também!
Com carinho,
Elisa.