Se você conhece quem vos escreve aqui, sabe que sou uma engenheira que trilhou o caminho da transição de carreira para a psicologia. Se você não tá sabendo desta história, pode dar uma olhadinha aqui.
Apesar de meu coração sempre ter sido da psicologia, as disciplinas mais intrigantes pra mim, durante a faculdade de engenharia, sempre foram de física.
Eu verdadeiramente gostava de ler o “Halliday” (quem é estudante de exatas conhece) e todos as suas histórias com exemplos bizarros tipo “um porco ensebado desce o escorregador sem atrito. Os dados são x, y e z. Calcule em quanto tempo ele chega no chão.”
Resolvi então fazer um apanhado Física x Psi, com conceitos que perambulam por ambos os meios:
Física: Um corpo está em equilíbrio quando as forças que sobre ele atuam se cancelam, resultando num estado de repouso ou de movimento uniforme.
Psicologia: Tecnicamente, o equilíbrio psicológico refere-se ao estado em que as emoções e pensamentos de um indivíduo estão em harmonia. Mas será que existe mesmo a famosa pessoa "equilibrada"? Sempre que resolvemos um problema sobre equilíbrio, em física, o enunciado traz algo do tipo "Nas CNTP (condições normais de temperatura e pressão)" ou "Desconsiderando o atrito...", etc. Não nos enganemos, não! Assim como na física, onde o equilíbrio pode ser dinâmico, na psicologia, o equilíbrio emocional pode ser afetado por forças internas (como traumas e conflitos) e externas (como relacionamentos e ambientes). A busca por este equilíbrio é um tema central em muitas abordagens terapêuticas, onde a idéia é promover uma vida mais harmoniosa. Mas acreditar que todas estas forças um dia se equivalerão entre si é, no mínimo, ingênuo. Vivamos o dinamismo!
Física: O trabalho é a energia transferida quando uma força atua sobre um objeto e o desloca. A fórmula para calcular o trabalho inclui as grandezas força aplicada e distância deslocada na direção da força. O trabalho é fundamental para entender como a energia se transforma e se transfere entre sistemas.
Psicologia: O trabalho é visto como um processo que coloca o sujeito em movimento em direção à conscientização e resolução de conflitos internos. Assim como na física, onde o trabalho resulta em movimento, o trabalho terapêutico busca ajudar os indivíduos a moverem-se através de suas emoções e pensamentos. Este trabalho pode incluir a exploração de experiências passadas, o entendimento de padrões de comportamento e a aplicação de novas perspectivas para promover a mudança.
Física: Energia é uma quantidade escalar que mede a capacidade de um sistema para realizar trabalho. Ela pode ser transformada de uma forma para outra, mas a energia total de um sistema isolado permanece constante (Princípio da Conservação da Energia). A energia pode ser cinética (movimento) ou potencial (armazenada), entre outras formas.
Psicologia: A energia psíquica pode ser vista como a motivação que impulsiona o comportamento e as emoções. Assim como na física, onde a energia pode ser transformada, na psicologia, a energia emocional pode ser redirecionada através de mecanismos como a sublimação (transformar energia de um impulso em algo socialmente aceitável). A compreensão de como gerenciar essa energia é crucial para o bem-estar emocional, permitindo que os indivíduos se mantenham motivados e engajados.
Física: Força é uma interação que altera o estado de movimento de um objeto. É medida em Newtons (N) e pode ser de contato (como a força aplicada por uma pessoa) ou à distância (como a gravidade). A força é fundamental para a dinâmica de sistemas físicos e pode causar aceleração, desaceleração ou deformação de corpos.
Psicologia: As forças internas e externas influenciam nossas decisões e comportamentos. As forças internas podem incluir desejos, medos e traumas, enquanto as forças externas podem ser pressões sociais e culturais. A dinâmica dessas forças pode ser entendida através da teoria de campo de Kurt Lewin, onde o comportamento é visto como resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente. Reconhecer e equilibrar essas forças pode levar a uma maior autoconsciência e a melhonde o comportamento é visto como resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente.ores decisões.
Física: A frequência é o número de ciclos de um fenômeno periódico que ocorrem em um determinado intervalo de tempo, geralmente medido em Hertz (Hz). Esse conceito é crucial em várias áreas, como ondas sonoras, luz e sistemas oscilatórios, impactando como percebemos o mundo ao nosso redor.
Psicologia: A frequência das experiências emocionais ou sociais pode moldar nossa saúde mental. A exposição repetida a certos eventos, como trauma ou reforço positivo, pode criar padrões de comportamento e pensamento. Por exemplo, experiências frequentes de rejeição podem levar a um aumento da ansiedade social, enquanto interações positivas frequentes podem fortalecer a autoestima. A terapia muitas vezes se concentra em alterar essas frequências para promover padrões mais saudáveis.
Física: Mudança de estado refere-se a transições entre estados da matéria (sólido, líquido, gasoso). Essas mudanças ocorrem quando a energia é adicionada ou removida, como derretimento, evaporação e condensação. Cada mudança de estado tem implicações diferentes sobre as propriedades das substâncias.
Psicologia: Mudanças de estado emocional são frequentemente observadas em momentos de crise, transição ou durante a terapia. Assim como na física, onde a mudança de estado requer energia, na psicologia, a mudança emocional pode necessitar de esforço e suporte externo. Processos terapêuticos podem facilitar essa transformação, ajudando os indivíduos a se moverem de estados emocionais negativos (como depressão ou ansiedade) para estados mais positivos e funcionais (odeio a palavra "funcional", pois, "funcional" pra quem? Mas enfim, não consegui encontrar outra mais adequada por enquanto).
Física: A terceira lei de Newton afirma que para toda ação, há uma reação igual e oposta. Essa interação é fundamental para entender o movimento e a dinâmica de sistemas físicos, mostrando como as forças sempre atuam em pares.
Psicologia: As ações que tomamos têm consequências, influenciando não apenas nós mesmos, mas também aqueles ao nosso redor. Essa dinâmica pode ser observada em relações interpessoais, onde o comportamento de uma pessoa pode provocar reações emocionais ou comportamentais em outra. O conceito de "feedback" nas interações sociais pode ser analisado sob essa perspectiva, onde as respostas emocionais são influenciadas pelas ações dos outros.
Física: Inércia é a tendência de um corpo a resistir a mudanças em seu estado de movimento ou repouso. Isso está relacionado à massa do corpo: quanto maior a massa, maior a inércia. Este conceito é crucial para entender como os objetos se movem e interagem.
Psicologia: A inércia emocional se refere à resistência à mudança em comportamentos ou padrões de pensamento. Assim como na física, onde a inércia requer uma força externa para provocar movimento, na psicologia, pode ser difícil sair da zona de conforto sem um empurrão. A terapia pode ajudar a superar essa inércia, fornecendo a motivação e as ferramentas necessárias para iniciar mudanças.
Percebe como é possível zanzar entre uma área do conhecimento e outra? Se você quiser saber mais sobre esta movimentação, confira este material sobre transdisciplinaridade.
Um abraço e até a próxima!