Deparei-me e impressionei-me com este filme chamado Hell, de Rein Raamat. Foi baseado nas gravuras de Eduard Wiiralt. Mostra o cabaré dos anos 1930, inicialmente um espaço de sonho e fuga, se transformando em um cenário grotesco de caos e destruição.
Como isso fala com a gente quando olhado pela lente da psicanálise?
Esta obra expõe a fragilidade da civilização e da razão frente a forças destrutivas inconscientes que moldam a condição humana.
Na psicanálise freudiana, o id (nossos instintos primitivos) pode ser visto emergindo nesse caos, rompendo a barreira do superego (a razão, a moral) que tenta manter a ordem. A desordem que toma conta do cabaré reflete a irrupção da pulsão de morte (Thanatos), destruindo o que antes era um refúgio. O filme questiona: ainda somos capazes de ouvir a voz da razão?
E mesmo com a marcha do mundo para a ruína, simbolizada pelas máquinas de guerra, o filme termina com uma imagem de esperança: a árvore primeva da vida, que persiste apesar dos horrores [procure o filme completo, porque os 17 min não cabem aqui num reels]. Na psicanálise, essa imagem pode ser vista como a resiliência da vida psíquica — a pulsão de vida (Eros), que continua a florescer mesmo diante da destruição.
Hell fala sobre impulsos reprimidos, fragilidade da razão e uma eterna batalha entre Eros e Thanatos.
E aí, o que emerge do caos da nossa própria psique? 🌿